As mudanças de hábitos e padrões de consumo provocados pela pandemia, afetaram diretamente diversos setores da economia. Enquanto alguns tiveram que se adaptar ou ainda tentam se recuperar dos impactos econômicos do isolamento social, outros estão em plena ascensão:
EM ALTA:
- PRODUTOS DE LIMPEZA
Em 2020, a atenção redobrada com a higienização de ambientes para prevenir a disseminação da Covid-19 refletiu em um aumento de 8,5% nas vendas de produtos de limpeza no Brasil, em relação ao ano anterior, para quase R$ 23 bilhões.
A consultoria de mercado Euromonitor destaca um crescimento de 22% nas vendas de desinfetantes, 13% nas vendas de água sanitária e de 12% nas vendas de produtos multiuso. A expectativa é que o mercado continue subindo este ano, já que os hábitos de limpeza passaram a fazer parte da rotina das pessoas.
- CUIDADOS PARA A PELE
De janeiro a outubro de 2020, as vendas de produtos faciais tiveram um aumento de 30,9% em relação ano anterior, segundo a Abihpe (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).
A ociosidade forçada pelo isolamento social despertou o interesse pelo autocuidado e por rituais domésticos de home spa, desencadeando a alta procura pela categoria de skincare.
- TVs MAIORES
De acordo com a consultoria GfK, as vendas de TVs de 49 polegadas ou maiores cresceram de 48% para 60% em 2020. Isoladas em casa, as pessoas buscaram por aparelhos maiores para melhorar suas experiências de entretenimento com tela cinematográfica em casa.
EM BAIXA:
- SETOR DE BEBIDAS
O preço das bebidas terá um aumento considerável para o consumidor em 2021. Com a disparada do dólar, 29% no ano, toda a cadeia produtiva do setor foi impactada. Importadores, produtores e até indústria sofrem com os impactos do câmbio.
No caso de Minas Gerais, a situação tem um agravante. Os tributos cobrados sobre a importação de vinhos de uvas frescas, terão um acréscimo, a partir do dia 3 de fevereiro. Com a publicação do Decreto nº 48.075/2020, a margem de valor agregado (MVA) usada nas importações do produto irá subir de 62,26% para 129%. Gosto amargo para o consumidor.
- SETOR AUTOMOBILÍSTICO
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apontam uma queda de 26,6% nas vendas de veículos novos no Brasil em 2020.
Em função da redução de gastos e da impossibilidade de sair de casa, os consumidores frearam a aquisição de veículos zero-quilômetro nesse período. Além disso, houve uma forte queda na produção por causa da limitação do fornecimento de peças e matérias-primas e da redução do quadro de funcionários para atender os protocolos sanitários.
Mas os desafios desse setor não se restringem aos infortúnios do último ano. Eles estão diretamente ligados ao comportamento da geração millennial, cada vez mais engajada com a economia compartilhada e adepta aos serviços de aluguel de veículos, deliverys e aplicativos de transporte.
Até que o mercado de carros autônomos seja acessível e popular, boa parte desses consumidores dispensam o burocrático processo de habilitação de condutores e estão confortáveis em utilizar soluções terceiras. O anseio por essa realidade deu à Tesla, empresa automotiva especializada na eletrificação e automação dos veículos, a posição de montadora mais valiosa do mundo.
No último dia 11, a Ford anunciou o fechamento de suas três fábricas no país. Embora os efeitos econômicos gerados pela pandemia, aliados ao inviável “Custo Brasil” para empreender e regular negócios, tenham favorecido a decisão, o fim da produção local faz parte de um processo de reestruturação mundial da empresa, que caminha (inevitavelmente) para a conectividade e a eletrificação de seus futuros veículos.