Não é novidade que o serviço postal brasileiro se tornou um fardo para os cofres públicos e um transtorno para a população.
De janeiro a setembro deste ano, a estatal acumulou um prejuízo superior a R$ 2 bilhões. Este é o terceiro ano seguido que ela opera no vermelho.
Pelo menos 200 imóveis alugados por ela estão sob ameaça de despejo por falta de pagamento e já existe um alerta para o risco de insolvência, situação onde a empresa pública precisa ser resgatada pelo Tesouro Nacional para continuar operando.
Mesmo diante do rombo histórico, os Correios parecem desconsiderar a gravidade do problema, afinal, no lugar de um plano de ação concreto para conter o déficit recorde, a companhia promove novas despesas milionárias, que vão desde R$ 200 milhões em benefícios de fim de ano, o apelidado “vale peru”, até aumentos salariais substanciais, incluindo gratificações de funções, auxílios e outros benefícios aos seus servidores.
Além dos reajustes aprovados em setembro deste ano, agência postal abriu recentemente concurso público para a contratação de 3.511 funcionários, com salários de até R$ 6.872,48 e benefícios adicionais.
Embora a má gestão e a ineficiência da estatal sejam problemas crônicos e de longa data, o fim da isenção de impostos para importações de até US$ 50 acentuou a questão, uma vez que o volume de operações internacionais (cross border) despencou de julho a setembro, resultando em uma queda de quase R$ 200 milhões no faturamento, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os efeitos colaterais do programa Remessa Conforme, que foi criado para proteger o varejo e a indústria, agravou a qualidade dos serviços prestados pelo Correios e pela Receita Federal, principalmente pela morosidade e excesso de burocracia.
Uma solução mais viável para a questão seria limitar o programa aos produtos chineses e não de forma global, como ocorre hoje, afinal o volume de encomendas do oriente e seu custo baixíssimo de produção, representam uma ameaça para a competitividade das empresas brasileiras.
A crise dos Correios demonstra a urgente necessidade de privatizar o setor postal. A iniciativa privada pode trazer maior eficiência, investir em tecnologia e oferecer serviços de melhor qualidade e custo ao consumidor, além de aliviar o ônus financeiro do Estado. É hora de abandonar um modelo obsoleto e abrir espaço para um mercado mais competitivo e inovador.