Durante sua campanha eleitoral, uma das principais críticas de Lula direcionada à gestão anterior foi a falta de transparência nos gastos públicos.
Na época, o atual presidente afirmava categoricamente que, se eleito, eliminaria o sigilo de 100 anos, prática prevista pela Lei de Acesso à Informação desde 2011, que prevê a confidencialidade de dados considerados pessoais, que abordem a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de cidadãos.
A promessa do líder do Executivo parece ter se esvaído após sua reeleição, afinal, o presidente não apenas manteve o sigilo, como aumentou o quadro de despesas ocultas, conforme revelou um levantamento publicado pelo jornal O Globo.
De acordo com a matéria, de janeiro de 2023 a outubro de 2024, o presidente gastou R$ 38,3 milhões em despesas secretas com cartão corporativo, um percentual 9% acima do governo anterior durante seus dois primeiros anos.
O jornal também ressaltou um aumento de 8,4% nos pedidos de acesso à informação negados pelo governo Lula em comparação com o seu antecessor, de janeiro de 2023 e dezembro de 2024.
Entre os dados que seguem em sigilo, a pedido do Executivo, estão: a relação de visitantes e a movimentada agenda de viagens da primeira-dama Janja da Silva, as solicitações relacionadas ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a declaração de conflito de interesses do ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira e a lista de militares presentes nos ataques de 8 de janeiro.
De um entusiástico defensor da revogação do instrumento a um adepto costumaz da problemática prática, o presidente da República deixa claro que discurso pela transparência ficou no passado.
Enquanto o contribuinte vê sua vida financeira cada vez mais vigiada pelo Estado, agentes públicos desconsideram o princípio da publicidade das coisas públicas, escondendo o que fazem com o nosso dinheiro.
Se quem não deve, não teme, por que não promover a moralidade das despesas públicas?