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Ouro da destruição: mineração irregular ameaça o futuro da Amazônia

Estima-se que 70% dos locais de extração de minério na cidade operam de forma irregular e que 7 milhões de toneladas de rejeitos, incluindo mercúrio, cianeto e entulhos, tenham sido despejados no rio Tapajós, um dos maiores afluentes de fluxo livre da Amazônia.

27 de abril de 2022

A mineração irregular deixa um rastro de destruição ambiental incalculável neste país.

Enquanto uma seleta elite marginal lucra alto com a atividade ilegal, a Amazônia é violentamente degradada pelo desmatamento e pelos efeitos nocivos do mercúrio e de outras substâncias tóxicas, que contaminam rios, solos, vida selvagem e as populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas que habitam a região.

A maior parte desses crimes ocorrem no estado do Pará, com destaque para o município de Itaituba, conhecido como a capital nacional do garimpo e do ouro ilícito.
Para iniciar o show de horrores, a cidade responde sozinha por 81% de todo o ouro extraído e comercializado ilegalmente no país.

O prefeito do munícipio, Valmir Climaco, que também é madeireiro, fazendeiro e coincidentemente, dono de garimpo, concedeu mais de 400 licenças para a extração de minério em sua gestão. Ao todo, existem 850 permissões de exploração ativas no município e mais de 9.000 em fase de requerimento.

O administrador municipal tem uma ficha extensa de acusações e processos por crimes de todo tipo de natureza, abrangendo, logicamente, os ambientais.

Estima-se que 70% dos locais de extração de minério na cidade operam de forma irregular e que 7 milhões de toneladas de rejeitos, incluindo mercúrio, cianeto e entulhos, tenham sido despejados no rio Tapajós, um dos maiores afluentes de fluxo livre da Amazônia.

Todo esse sistema criminoso funciona com o aval do estado do Pará, que, desde 2015, autoriza seus municípios a realizarem o licenciamento ambiental, aproveitando-se da falta de clareza da Legislação Federal sobre as exigências para a outorga da Permissão de Lavra Garimpeira (PLG).

O garimpo em escala sustentável, exercido de forma artesanal para extrair pequenos volumes de minério, sem devastar ou contaminar a biodiversidade, perdeu espaço para um esquema milionário, equipado por maquinário pesado, a fim de agilizar a derrubada da floresta e a destruição em massa.

Protegidos por uma lei leniente e pela falta de fiscalização eficiente, o lobby milionário do garimpo, composto por empresários e figuras políticas, avança e trabalha incessantemente pela legalização e expansão da mineração amazônica.

Estamos diante de um ataque ao patrimônio nacional, com um custo socioambiental altíssimo. Não somos contra a exploração mineral legalizada e feita com estrutura adequada e não nociva ao meio ambiente, desde que todos os impostos sejam pagos.

Infelizmente, 70% de todo o minério enviado para o exterior,acontece sem o pagamento devido dos tributos.

Não podemos permitir que essa facção destrua a nossa herança verde e prejudique a todos os outros brasileiros. Esta riqueza é do povo.

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