Segundo levantamento publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, em pouco mais de duas décadas, o judiciário brasileiro quadruplicou as despesas com a sua folha de pagamento.
A justificativa mais plausível para esse cenário, que seria a contratação de servidores para atender o aumento das demandas e agilizar a justiça morosa do Brasil, não se aplica ao caso do Judiciário.
Os gastos colossais foram destinados a aumentos salariais bem acima da inflação e benefícios distantes da realidade do cidadão comum, concedidos graças ao talento desse grupo de fazer pressão e interpretar seus próprios direitos.
De 1995 a 2017, os “donos da nação” expandiram seus gastos mais que qualquer outro poder e não pretendem fechar a torneira. No último mês, a casta perdulária conseguiu junto ao governo um reajuste de 16,38%, que elevou seus salários de R$ 33 mil para R$ 39 mil com efeito cascata sobre a remuneração do funcionalismo público.
A conduta, que impactará cerca de R$ 4,1 bilhões anuais dos cofres da União, é imoral e muito longe da missão constitucional do Poder de realizar justiça. Não nos parece justo que, enquanto o país se recupera de uma das piores crises fiscais de sua história, reduzindo investimentos essenciais para o desenvolvimento da sociedade, essa elite inchada e ineficiente desrespeite o teto constitucional e continue fazendo carreira com benesses da máquina pública.
O contribuinte que paga por esse absurdo é o mesmo que precisa sobreviver sem reajuste ou com redução de receita. O cidadão que trabalha também sofre com os enormes custos da justiça e com sua falta de eficiência. A sociedade que banca a conta nunca é consultada.
É contundente que haja uma reforma urgente na constituição capaz conter as regalias da toga e colocar limite aos justiceiros de causa própria.