Recentemente a Gerdau, maior produtora de aço do país, anunciou uma série de ajustes em suas operações, quem incluem demissões em massa e contratos de trabalho suspensos.
A decisão é resultado do aumento expressivo da importação do aço chinês no Brasil que, segundo a companhia, compete de forma desleal com o mercado nacional, ao comercializar o metal abaixo do custo de produção, pratica conhecida como “dumping”.
O que ocorre é que a economia chinesa passa por uma desaceleração no ritmo de produção, que acaba estimulando a exportação de excedentes para cobrir os déficits do setor.
Além disso, a crise do mercado imobiliário asiático também motivou a queda no consumo local e, consequentemente, acelerou a procura das empresas chinesas (subsidiadas e controladas pelo governo) por compradores externos.
A indústria siderúrgica brasileira vem defendendo uma taxação de 25% na importação do produto, como ocorre hoje na União Europeia, México e EUA, entretanto, a contrapartida do governo foi um aumento de alíquota, que varia de 12% a 16% para 5 tipos de produtos do aço.
Além da pressão exercida sobre o governo, a Gerdau já está entrando com pedidos de investigação por práticas de antidumping.
Por outro lado, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos argumenta que o preço do aço no Brasil já é um dos mais caros do mundo e que qualquer aumento encareceria a produção de máquinas e, consequentemente, os produtos finais.
Esse conflito de interesse é apenas um dos reflexos do nosso fracasso na indústria de transformação, afinal somos o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, mas por falta de capacidade de inovação, pesquisa e desenvolvimento, exportamos a matéria-prima (principalmente para a China) e depois compramos produtos acabados a preços que poderiam ser muito mais acessíveis se produzidos internamente.
Esse é o preço amargo de uma política protecionista e de uma educação mais declinada a ensinar ideologias que fomentar a inovação.