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Floresta Amazônica: o alerta verde

Se o aquecimento global não for tratado de forma séria por nossos governantes e pelos demais países, enfrentaremos um futuro com escassez de alimentos antes do fim do século.

16 de agosto de 2019

A Floresta Amazônica tem valor incalculável para o Brasil e o mundo. Dona da maior biodiversidade do planeta, ela ocupa quase metade do território brasileiro e é um elementar alicerce climático.

Para se ter uma ideia, a vegetação da área consegue controlar sozinha as chuvas do Brasil e da América do Sul. Através de uma verdadeira dança meteorológica, a água do oceano Atlântico norte é despejada em forma de chuva sobre a floresta que por si só libera ainda mais umidade na atmosfera, advinda da evapotranspiração das árvores e da evaporação dos afluentes que correm no solo. Todo esse vapor é conduzido pelos ventos e desce em direção à cordilheira dos Andes e é redirecionado para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, gerando precipitações na cabeceira do Rio Amazonas e outras bacias, no Paraguai, Argentina e Uruguai.

O fenômeno, conhecido como “rio voador”, percorre um trajeto primordial para as chuvas de quase toda a parte central e sul do Brasil, mas vem perdendo forças nos últimos anos, devido aos índices alarmantes de devastação na região. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, o desaparecimento florestal aumentou 88% em junho de 2019, frente ao mesmo período do ano passado, o que equivale à área urbana da cidade de São Paulo.

Outra grande ameaça global decorrente do desflorestamento é a queda drástica no armazenamento de carbono, um dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global. De acordo com pesquisadores, a maior extensão de floresta tropical do mundo absorve quantidades muito significativas de carbono, que fica retido pela vegetação e pela matéria orgânica que se acumula no solo. Com o desmatamento desenfreado, ela emite hoje praticamente a mesma quantidade de CO2 que reserva, extinguindo sua capacidade de novas absorções.

Ameaças como essas, além das queimadas, da criação de pastos, disputas de terras, grilagens, assentamento humanos e mineração ilegal, comprometem a cada dia a preservação desse bioma ímpar.

Um cenário perigoso já foi sinalizado pelo mais recente relatório do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que indica que, entre 7% e 40% da superfície da terra foi degradada pela ação do homem e deve reduzir em 12% a produção global de alimentos até 2.100. A cada elevação de 1 grau na temperatura do planeta, existe uma redução de 7,4% na produção de milho, 6% na de trigo, 3,2% na de arroz e 3,1% na soja. Outro fator de risco relacionado ao efeito estufa é a emissão de gás metano, proveniente da criação de gado, que hoje é responsável por 40% da emissão anual do gás.

Mesmo que existam esforços em consolidar o nosso país como uma potência agrícola, não podemos negligenciar os impactos ambientais das atividades humanas dentro da floresta, que é um importante ativo econômico, principalmente por atuar como um gigante sistema de irrigação do agronegócio.

É papel do governo garantir a proteção desse patrimônio, que não pertence ao Estado, mas ao cidadão brasileiro. Precisamos trabalhar políticas públicas que garantam a preservação e o reflorestamento dessa área, incentivem sistemas de produção mais sustentáveis e fomentem pesquisas em inovação no campo, capazes de reduzir a demanda por novas terras. O futuro da Amazônia depende de um grande movimento de conservação florestal que não pode ser limitado ao poder público, mas depende dos esforços coletivos.

Se o aquecimento global não for tratado de forma séria por nossos governantes e pelos demais países, enfrentaremos um futuro com escassez de alimentos antes do fim do século. A vida, em todas as suas formas, está em risco.

A atividade econômica, incluindo aí o comércio e serviços, pode ser extremamente prejudicada por estes fatores ao longo do tempo, pelo efeito dos problemas causados nas diversas regiões, que fatalmente influenciarão as dificuldades financeiras, a renda e o consumo.

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