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Falta coragem para tomar as decisões certas

27 de março de 2017

 

ARTIGO

 

Um presidente que permite ser cercado por vários membros da cúpula do Poder brasileiro, aí incluídos ministros de Estado, dirigentes do Senado e da Câmara Federal e por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que, ou estão sendo investigados pela lava jato ou praticaram atos imorais ou antiéticos, não tem a confiança e nem a integridade para tomar as decisões certas em prol do povo brasileiro.

Em um momento de crise econômica, agravada pela política corrupta e individualista, a opção de priorizar o controle da inflação, a queda dos juros e a diminuição da burocracia e dos encargos sobre as empresas é a maneira mais inteligente de reverter a queda de renda da população.

Este caminho leva a um círculo virtuoso, que proporciona a geração de empregos, o aumento da arrecadação pública e a diminuição da desigualdade. Apesar desta ter sido a escolha do governo, estamos sentindo que as mudanças e as reformas não têm a profundidade necessária para reverter o quadro de danos causados pelos desmandos dos antigos governantes.

O problema está justamente nos deputados e senadores, que para se protegerem de possíveis crimes de uso de caixa dois ou outros assemelhados, usam seus votos necessários para a aprovação das reformas na sua íntegra, como moeda de troca, para que o presidente apoie a criação de leis de anistia que os protejam, assim como negociam modificações contrárias ao interesse público, com as centrais sindicais, para terem suas bênçãos, apoio e proteção.

O exagero da independência individual dos membros do STF, quando se manifestam separadamente sobre casos, como o do vazamento de investigações pela Polícia Federal, que estranhamente são considerados sigilosos, querendo que por causa disto as provas corretas e difíceis de terem sido conseguidas sejam consideradas nulas. Estas posturas são descabidas e imorais, afinal, a imprensa livre precisa divulgar a maioria destas ações, para que a população possa fiscalizar possíveis manipulações a favor da impunidade.

A reforma trabalhista que está sendo proposta foi desmembrada para facilitar sua aprovação, porém este tipo de negociação proporciona um desvirtuamento da ética e do seu conteúdo indispensável às mudanças. Quando a terceirização, tão necessária para a sobrevivência das empresas e que não tirou os direitos dos trabalhadores, foi aprovada pela Câmara, não houve a extinção do “câncer” da indústria de ações trabalhistas, ao não retirar a influência dos artigos 3º e 4º da CLT, que permitem que funcionários de empresas terceirizadas possam entrar com processos contra a empresa contratante, criando falsos vínculos trabalhistas como: mais de três dias semanais de trabalho, comparecimento em reuniões periódicas, uso de mesas individuais, entre outras situações.

Desta maneira a reforma fica deformada e não resolve o problema definitivamente.

A reforma da Previdência, pelo que parece, está indo pelo mesmo caminho.

Quando a tentativa de realizar a coisa certa se desvirtua ou por falta de liderança ou pela situação de refém imposta pelos membros do partido, o dirigente acaba cedendo onde não devia e prefere onerar a sociedade produtiva.

Neste momento estamos vendo isto acontecer. O governo estando com um déficit de 58 bilhões de reais este ano já determinou um aumento sobre o Pis/Cofins que recai sobre as empresas. Este é o pior tipo de imposto e prejudica diretamente quem produz, já que incide sobre o faturamento independentemente da empresa ter lucro ou prejuízo.

Já passou da hora do governo deixar de ser intervencionista e entender que os maiores amigos do país e da economia são os empresários, principalmente os pequenos e médios, que somente com seus esforços conseguem sobreviver em um ambiente tão hostil à livre iniciativa.

Esta postura mostra que o governo e seus correligionários sempre querem camuflar os erros e optar pelo caminho mais fácil, mantendo o país em um sistema de retorno aos mesmos malefícios e levando o Brasil a outra sequência de crises.

Se o presidente não entender que é preciso ter coragem para tomar as decisões certas e ser o líder que o Brasil precisa, não deixará nenhum legado em sua breve passagem.

 

*Cícero Heraldo Novaes

Presidente da CDL Uberlândia

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