A irresponsabilidade do cidadão e a negligência do Estado vão custar muito caro para o Brasil.
No último dia 29, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou um reajuste de 52% na bandeira tarifária vermelha 2. O motivo? Uma crise hídrica severa, gerada pela maior seca dos últimos 91 anos.
A drástica queda no nível das chuvas foi desencadeada por fatores ambientais, mas sobretudo pela ação do homem.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em junho, o Brasil atingiu o recorde histórico de queimadas na Amazônia, pelo segundo ano consecutivo, e o recorde de desmatamento da região pelo quarto mês seguido.
A floresta Amazônica, que é fundamental para o equilíbrio climático, vem sofrendo ataques de impactos irreversíveis. Sua vegetação densa e uniforme atua como uma “bomba d’água”, que absorve a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e libera para a atmosfera, através do processo de evapotranspiração das árvores. Essas massas de ar, carregadas de vapor de água, conhecidas como rios voadores, carregam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Todo esse ciclo hidrológico de abastecimento é comprometido pelos desmatamentos e pelas queimadas, afinal, a ausência da cobertura de mata na maior floresta tropical do mundo faz com que a água escoe rapidamente para os rios e não cumpra o ciclo de evaporização. Ademais, o processo de desflorestação aumenta a liberação de gases de efeito estufa e cria implicações climáticas imprevisíveis, com consequências regionais e globais.
Sem chuva, as hidrelétricas têm sua capacidade bruscamente reduzida e o governo precisa investir em usinas termoelétricas, muito mais caras e poluentes. Além dos efeitos econômicos, a destruição da Amazônia compromete diretamente a agricultura e a agropecuária do país, e consequentemente, implica na ausência do alimento na mesa do brasileiro. Estamos falando de um problema de impacto mundial, que ameaça a nossa sobrevivência.
Toda essa situação deixa evidente o quanto o Brasil é vulnerável. Sem uma mudança radical na nossa matriz elétrica estaremos fadados ao colapso.
O Estado precisa investir e acelerar a implementação de energia renovável, principalmente eólica e solar. Além disso, precisamos de uma legislação e de uma fiscalização ambiental séria para combater a atuação de grileiros, madeireiros, garimpeiros e congressistas que inviabilizam projetos ambientais em nome de lobbies e negociatas.
O Brasil é extremamente rico em recursos naturais e possui todas as condições para realizar uma transição energética capaz de preservar a nossa biodiversidade e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Se os nossos governantes não atuam nessa direção, é preciso cobrar. É hora de proteger o que é nosso!