O Brasil nasceu com a síndrome do “cão que não larga o osso”. O mesmo cenário de oportunismo que permeia os órgãos públicos, faz carreira nas organizações representativas, literalmente.
As entidades patronais, que surgiram com o objetivo de defender os interesses da classe empresarial, se tornaram um sistema corrompido por interesses políticos e pela perpetuação do poder.
De acordo com um levantamento realizado pela Folha de São Paulo no último dia 15, de 99 entidades entrevistadas, 41 são presididas por dirigentes com mais de oito anos no cargo. 17 deles estão na direção há mais de 20 anos.
Esse apego ao comando das patronais expõe uma instituição contaminada pelo nepotismo, desvio de recursos e corrupção.
Mesmo sem abocanhar parte da extinta contribuição sindical, cerca de R$3 bilhões anuais, essas organizações ainda contam com as vultosas verbas do sistema S. Só no último ano foram R$ 16,4 bilhões em repasses da Receita Federal.
Estruturas bem abastecidas e custeadas pela contribuição do empresário, ganham força política para criar aglomerados de sindicatos com pouca ou nula representatividade que existem apenas para fortalecer conchavos políticos, enfraquecer oposições e agrupar votos.
Com influência política, as velhas raposas conseguem pleitear cargos eleitorais com muito apoio e pouco trabalho. O comando envelhecido desenha um modelo arcaico e enfraquecido de gestão, imerso em pretensões políticas e alvo de várias investigações por desvio de verbas.
“É uma decepção para a classe empresarial o fato de que dirigentes de entidades patronais representam seus interesses pessoais em detrimento dos seus associados. Por este e outros motivos é que sempre somos surpreendidos pelo aumento de impostos e por leis que nos prejudicam. Está na hora de reagir e mudar este quadro”, opina o presidente da CDL Uberlândia, Cícero Heraldo Oliveira Novaes.
Vergonha para a categoria dos empregadores. Vergonha para a sociedade.