Em meio aos percalços de 2015, duas antigas promessas do mundo da tecnologia deram passos concretos para se tornarem uma realidade no dia a dia do brasileiro: a carteira digital e os sistemas de pagamento de compras com o celular. Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Mastercard e Visa lançaram iniciativas nessas áreas.
O Valor apurou que a Samsung pretende lançar seu sistema de pagamento, o Pay, ainda no primeiro trimestre, em parceria com uma instituição financeira. Para Elizângela Moreira de Souza, gerente de canais digitais do Bradesco, a vinda de estrangeiros para o país por conta das Olimpíada pode ser um incentivo aos serviços em 2016. Segundo a empresa de pesquisa Frost & Sullivan, o número de usuários de carteiras digitais no país saltará de 1,5 milhão em 2014 para 87,6 milhões em 2019.
Os sistemas de carteira digital e de pagamento com o celular são diferentes, mas estão intimamente relacionados. Na carteira digital, o consumidor coloca os dados de seu cartão de crédito e, na hora de fazer uma compra pela internet, não tem que digitá-los novamente. Basta entrar com o login e a senha do serviço de carteira e a transação é realizada. Mas a varejista tem de ter acordo com a instituição financeira para aceitar esse tipo de pagamento. As redes Ricardo Eletro e a Livraria Cultura, por exemplo, aceitam o MasterPass, da MasterCard. A Stelo, carteira digital criada pelo Banco do Brasil, Bradesco e pela Cielo, pode ser usada em lojas como Netshoes e Zattini. “A experiência e a conveniência são os itens que o consumidor mais valoriza no comércio eletrônico”, disse Valério Murta, vice-presidente de produtos e soluções da MasterCard para Brasil e Cone Sul.
O pagamento com o celular é uma extensão desse modelo. Usando a tecnologia de transmissão de dados sem fio NFC do smartphone, o consumidor usa a carteira digital para fazer compras em lojas físicas. Basta aproximar o aparelho da maquininha de cartão do estabelecimento.
A adoção das duas tecnologias ainda engatinha em quase todo o mundo. As exceções são China e Coreia do Sul, onde são amplamente adotadas. Isso ocorre por barreiras tecnológicas (consumidor e varejista precisam ter equipamentos e sistemas compatíveis) e de conhecimento sobre os serviços – é preciso saber como funcionam e sentir segurança para usar.
O interesse dos bancos brasileiros pelos sistemas de pagamento digital faz parte da evolução natural do modelo de negócios das instituições. À medida que os clientes ficam mais conectados, oferecer novos canais e formatos de atendimento torna-se inevitável. Mas o movimento não deixa de ser, também, uma resposta à estratégia de empresas de tecnologia como Apple, Google e Samsung, que também estão entrando neste mundo.
Fonte: Valor Econômico