Os gastos do Estado têm alçado voos cada vez mais altos, literalmente.
Somente no ano passado, deputados federais gastaram mais de R$6 milhões em viagens internacionais para comitivas, congressos, encontros políticos e outras “missões internacionais” inerentes ao mandato. Há registros de passagens que vão de R$ 3,5 mil a R$ 15 mil para Nova Iorque, de R$ 7,6 mil a R$ 76 mil para Dubai e até de R$ 89,7 mil para Toronto.
Em 2024, já foram desembolsados mais de R$ 2,6 milhões com passagens aéreas e diárias para a Câmara, até o momento.
No Judiciário, as benesses são ainda mais atrativas. Diferentemente dos demais poderes, os ministros do STF são autorizados a viajar de primeira classe e suas diárias equivalem a mais de R$ 5.000 no câmbio atual, independentemente do país visitado, com direito a segurança pessoal. Segundo dados do SIGA Brasil, sistema de informações sobre o Orçamento Federal, este ano o STF já desembolsou cerca de R$ 1 milhão com diárias (sem incluir passagens aéreas), valor acima do dobro do último ano, no qual o montante registrado foi de R$ 490 mil.
No caso do Tribunal Superior do Trabalho, as despesas com diárias e passagens executivas chegaram a R$ 730 mil, de 2023 até junho de 2024. Entre os principais roteiros de seminários, simpósios e conferências estão Portugal, Espanha, Suíça, Estônia e Estados Unidos.
O itinerário do Executivo também é invejável. Em apenas um ano de governo, o presidente Lula já visitou 24 países, com a justificativa de aproximar o país do centro dos grandes debates internacionais. Para esse ano, a agenda do líder contempla: Itália, Paraguai, Bolívia, Chile, Estados Unidos, Rússia, Peru e México. Faltou acrescentar à lista a recente viagem da comitiva da primeira-dama para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, que custou aos cofres públicos R$ 203,6 mil.
Seguindo a mesma linha, os ministros do atual governo já realizaram 226 viagens internacionais desde o início do mandato, em janeiro de 2023. Os destinos mais frequentes foram Buenos Aires, Nova York, Lisboa, Washington e a França. No total, foram consumidos cerca de R$ 4,5 milhões, sem incluir despesas com passagens ou voos de jatinhos fretados pela Força Aérea Brasileira.
Parece que os três poderes estão mais interessados em representar o país no exterior do que olhar para os problemas internos. Vários assuntos que poderiam ser discutidos em encontros dentro do Brasil, estão sendo levados para o exterior, para serem também objetos de turismo e lazer.
As quantias exorbitantes, dissipadas em nome do serviço público, levantam questionamentos sobre a eficiência e as prioridades na gestão dos recursos do país, especialmente diante de uma dívida pública federal, que encerrou junho em R$ 7,067 trilhões. Enquanto fortunas são destinadas a essas “missões oficiais”, a verdadeira missão de conduzir o Brasil com responsabilidade fiscal parece nunca decolar.