O empréstimo é uma prática recorrente para o pagamento de dívidas, situações de imprevistos financeiros ou mesmo para quem precisa reformar a casa ou trocar de carro. No entanto, o acúmulo de dívidas vem se tornando um problema para muitos brasileiros que não conseguem honrar seus compromissos. Uma pesquisa conduzida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que mais de um terço dos entrevistados que contrataram empréstimos no último ano (35%) ficaram com nome sujo por atrasar as prestações. Desse total, 20% já regularizaram a situação, enquanto 15% permanecem negativados.
De acordo com o levantamento, dois em cada dez brasileiros (23%) contrataram algum tipo de empréstimo nos últimos doze meses, sendo que 12% buscaram empréstimo pessoal em bancos e 7% em financeiras. Além disso, 14% optaram por empréstimo consignado em banco, principalmente entre o público com mais de 55 anos (27%), e 6% em financeiras, modalidade em que se desconta as parcelas diretamente do salário ou da aposentadoria. “A capacidade de pagamento das pessoas tem sido afetada pelo alto nível de desemprego. A renda das famílias continua achatada, levando muitos brasileiros a fazer empréstimos para pagar contas ou mesmo quitar dívidas”, destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Hoje, cada entrevistado possui, em média, dois empréstimos. A maior parte do dinheiro obtido com o empréstimo pessoal é destinada ao pagamento de dívidas (24%), como outros empréstimos, fatura do cartão de crédito e prestações em atraso. Outros 19% utilizam o dinheiro para reformar a casa ou apartamento, 15% para abrir um negócio e 15% para viajar. Entre os que adotaram a modalidade de consignado, as principais finalidades apontadas são: pagar dívidas de outros empréstimos, cartão de crédito e contas em geral (30%), reformar a casa ou apartamento (20%), pagar contas de água, luz, telefone, aluguel, condomínio e escola (16%), comprar mantimentos para casa (14%) e comprar ou trocar de carro (13%).
Um em cada quatro entrevistados não controla o pagamento das parcelas com empréstimos; 77% checam orçamento antes de contratar
Considerando os entrevistados que possuem empréstimos em aberto, o número médio de parcelas que faltam para quitar o empréstimo é de 15 prestações, que pode chegar a 24 parcelas entre o público com mais de 55 anos. A pesquisa mostra que mesmo em meio a tantos compromissos, a maioria afirma controlar o pagamento das parcelas (75%). Desse universo, 34% fazem esse acompanhamento por meio de anotações em agenda ou caderno, 24% usam planilhas no computador e 17% aplicativos de celular.
Contudo, é expressivo o percentual de consumidores que não controlam essas despesas. Cerca de 25% reconhecem que essa não é uma prática corriqueira, principalmente entre as classes A e B (38%). “Se não houver um controle rígido na gestão das finanças, o consumidor pode atrasar algumas prestações e transformar a dívida em uma bola de neve”, alerta o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.
Embora uma boa parte deixe de acompanhar o pagamento das parcelas, 77% dos entrevistados disseram verificar previamente se o orçamento seria suficiente para pagar as prestações do empréstimo. O estudo aponta ainda que a maioria dos que possuem empréstimos atualmente (81%) declaram estar com as parcelas em dia. Por outro lado, 12% relataram ter no momento uma média de três prestações atrasadas.
21% dos brasileiros tentaram fazer empréstimo, mas 12% não conseguiram, principalmente por restrição em cadastros de proteção ao crédito
Outro dado curioso aponta que dois em cada dez consumidores (21%) tentaram tomar empréstimos nos últimos meses, mas apenas 9% conseguiram. Já 12% não conseguiram, principalmente por estarem com restrição do nome em cadastros de proteção ao crédito (45%). O segundo motivo para o pedido de empréstimo ser recusado é o valor solicitado que estava acima do permitido pela renda (27%).
Além disso, 57% dos que tomaram empréstimo no último ano consideram que as taxas de juros cobradas pelas instituições foram altas ou abusivas. Quando questionados sobre as exigências feitas para na hora de contratar empréstimos, 53% dos consumidores revelam que nenhuma garantia foi solicitada. Sobre o valor levantado, 48% avaliam que a quantia foi parcialmente suficiente para seus objetivos — em especial os entrevistados das classes C, D e E (60%). Ao passo que para 52% o valor foi suficiente ― sobretudo nas classes A e B (77%).
Fonte: SPC Brasil