Salários chegam a ser 10 vezes maiores que no setor privado; além disso, funcionário tem garantia de estabilidade independente de produtividade ou do mercado
Altos salários, benefícios embutidos nos rendimentos, férias de até doze semanas por ano e estabilidade no posto de trabalho, independente do comportamento do mercado ou da produtividade. Esses são os atributos de quem trabalha no setor público no Brasil. Uma distorção que precisa acabar. E que foge completamente à realidade do país, principalmente em meio a uma crise econômica sem precedentes.
Quem trabalha no setor público no Brasil tem garantia de renda até dez vezes acima do que é pago no setor privado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o rendimento médio do trabalhador brasileiro é de R$ 2 mil. Nos ministérios, a média salarial é de R$ 9,9 mil; nas autarquias, R$ 9,8 mil; nas empresas públicas, R$ 11,4 mil e, nas companhias de economia mista, como é o caso do Banco do Brasil, R$ 9,7 mil.
E não para por aí. No Poder Judiciário, o valor médio dos salários é de R$ 17,9 mil. No Poder Legislativo, R$ 15,9 mil e no Ministério Público da União R$ 15,6 mil. E mais, no Banco Central o rendimento médio sobe para R$ 22,4 mil.
Bom, até agora só falamos de quanto custa por mês um único funcionário de cada setor. Então vamos aos números de servidores.
Somente na esfera federal, o país tem mais de 2,2 milhões de funcionários e uma despesa anual de R$ 264 bilhões. As informações são do Boletim Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Já a quantidade de servidores nos municípios chegou a 6,5 milhões em 2015, segundo o IBGE.
Agora, se a área privada é que produz, paga os impostos e banca a área pública, como os funcionários dela ganham bem menos, não têm ajudas de custo, aposentadorias polpudas e planos de saúde completos? A equiparação deve ser um direito e um princípio de justiça.
No Brasil os melhores e mais competentes querem um emprego público, não só pelos ganhos, mas pela garantia de estabilidade. Isto é o caminho para uma prestação de serviço permissivo e desregrado. O oposto da meritocracia.