Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com varejistas e prestadores de serviços das 27 capitais e do interior do Brasil mostra que, em geral, o ânimo dos empresários para os próximos meses melhorou na comparação com o começo do ano. O levantamento revela que caiu de 60,2% em abril para 39,5% em agosto o percentual dos empresários que consideram a crise econômica muito grave. Para 47,9%, o segundo semestre será melhor do que o primeiro, enquanto apenas 6,8% acreditam que será pior, bem abaixo 39,5% que pensavam o mesmo no primeiro semestre.
Em meio à crise, algumas medidas estão sendo tomadas pelos empresários para se manterem no mercado. A principal delas é a contenção de despesas, adotada por 38,0% – percentual menor que o verificado em abril, quando era de 45,1%. Em segundo e terceiro lugar aparecem a redução dos preços (17,3%) e a demissão de funcionários (10,1%). Já o investimento em propaganda e marketing e a mudança de foco no perfil do cliente aumentaram entre abril e agosto de 2016, respectivamente de 4,8% para 7,7% e de 2,3% para 6,1%.
“É importante ter em vista que a melhora do padrão de gastos pode ser um legado positivo da crise”, explica o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. “Mesmo em períodos de bonança, o empresário deve buscar fazer o máximo com o mínimo de recursos, sem que isso prejudique a qualidade daquilo que oferta”.
“Os dados da pesquisa são consistentes com a discreta melhora dos indicadores de confiança tanto por parte dos consumidores como por parte dos empresários e as expectativas de que a economia inicie a retomada no próximo ano”, afirma. Para Pinheiro, a melhor notícia é que, tendo em vista o cenário de crise na economia, a larga maioria dos entrevistados não pretende demitir funcionários atualmente: 84,1% afastam a possibilidade de reduzir o quadro, contra 8,6% que consideram esta atitude. “A decisão de demitir em razão da crise é algo que o empresário tende a postergar, pois a recontratação posterior é custosa”.
Na percepção dos empresários que se dizem afetados pela crise (87,3%), o maior impacto sobre os seus negócios foi a diminuição das vendas (70,0%), com percentual menor que a sondagem para o primeiro semestre (82,7%). Os demais motivos mais citados também tiveram queda na comparação: aumento do pagamento de impostos (33,8% ante 51,0%), e a inadimplência dos clientes (31,8% ante 32,8%).
Combate à corrupção, aumento dos impostos e inflação
Na percepção dos empresários, o maior impacto da crise política sobre a economia foi o aumento do desemprego (65,8%), seguido do aumento dos impostos (50,5%), e a redução das vendas (45,7%). A proporção dos que mencionaram esses dois últimos impactos caiu na comparação entre abril, quando eram de 63,6% e 59,2% respectivamente.
Para que o Brasil volte a crescer, as principais atitudes a serem tomadas na opinião dos empresários são a redução dos impostos (42,7%), o combate à corrupção (42,7%) e o controle da inflação (39,1%).
Fonte: SPC Brasil