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Servidores exigem reajuste salarial

Paradoxalmente, a maioria dos protestos, paralizações e articulações políticas são puxadas pela elite do funcionalismo federal.

20 de janeiro de 2022

Uma nova crise institucional se instaurou no governo.  Ao sinalizar um possível reajuste salarial para policiais federais e policiais rodoviários federais, o Executivo deflagrou um forte embate com as demais categorias do funcionalismo, que cobram o mesmo tratamento.

Paradoxalmente, a maioria dos protestos, paralizações e articulações políticas são puxadas pela elite do funcionalismo federal.

Enquanto os auditores da Receita, com remuneração anual de R$ 380,38 mil), cobram a regulamentação do bônus por produtividade, Auditores do Trabalho, com remuneração anual de R$ 372,24 mil, solicitam uma correção de 27,2% nos salários e os analistas do Banco Central, com remuneração anual de R$ 341,1 mil, exigem um reajuste de 26,3%.

Na mesma faixa de salário inicial dos auditores fiscais (R$ 21.014,49), estão as carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU), que também pleiteiam reestruturação da carreira, e por consequência, aumento de salário. Vale lembrar que além da alta remuneração, os advogados da União, recebem honorários sucumbenciais, que podem chegar a 20% sobre a causa.

Paralelo às mobilizações, que acontecem em todo o país, existe um grande risco jurídico por trás da decisão, que pode comprometer seriamente os cofres públicos brasileiros.

Embora a concessão desse reajuste seja da jurisdição da presidência da República e, segundo a Súmula 339, do Supremo Tribunal Federal, não caiba ao Judiciário legislar, aumentando os rendimentos dos servidores, há de se considerar também o princípio constitucional da isonomia e da impessoalidade no serviço público federal.

Segundo cálculos do governo, caso o aumento seja expandido para todas as categorias, cada 1% representaria um impacto de R$ 3 bilhões para a União, se os servidores em geral reivindicam 28% de aumento, significaria R$ 84 bilhões de aumento, valor totalmente discrepante da realidade do país.

Improvável e imprudente, um aumento geral nesse momento é um ataque direto ao equilíbrio econômico e fiscal da nação.

Fora da bolha da estabilidade pública existe a iniciativa privada e seus trabalhadores, que não lutaram por aumento salariais ou benesses nos últimos anos, mas pela garantia do emprego, do sustento e da renda.

Assistir disputas como essa, em um país com mais de 13 milhões de desempregados tentando sobreviver à maior inflação dos últimos seis anos é desolador. O verdadeiro movimento que precisa ser feito para salvar as contas públicas é o enxugamento do Estado e não o inverso.

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