Uma prestação de contas da Justiça Eleitoral revelou que, em 2019, diversos partidos políticos utilizaram o fundo partidário para remunerar dirigentes e empresas ligadas à parentes, amigos e políticos.
Ao todo, foram gastos R$ 937 milhões. A farra com o dinheiro público, comum entre legendas de distintos tamanhos e ideologias, apenas reforça o quanto a política no Brasil é um negócio rentável.
Nosso precário sistema político é guiado por diretrizes tão superficiais que consentem verdadeiros assaltos ao erário público, imorais, mas não ilegais.
Além do Fundo Eleitoral, que a cada dois anos destina recursos para as campanhas eleitorais, os partidos são beneficiados com o Fundo Partidário, uma espécie de assistência financeira anual, dividida na proporção dos votos que as legendas obtiveram nas últimas eleições.
Essas duas arbitrariedades evidenciam o quanto precisamos de uma reforma política profunda e imediata.
Partidos políticos não são organizações públicas. Como toda instituição privada, devem ser sustentados por seus integrantes.
Além disso, estamos sustentando um sistema corporativista, que ao menos oferece condições de igualdade entre os brasileiros que pretendem seguir a carreira política, visto que mina as chances de novos candidatos e fomenta o expediente da reeleição e a alta taxa hereditariedade no Executivo e no Legislativo.
A disrupção digital quebrou o paradigma de que só é possível ganhar eleições com grandes doações e financiamentos de campanha e aponta uma nova realidade, que facilita muito a ascensão de novas candidaturas.
A aberração desses fundos, assim como a quantidade de partidos existentes no Brasil e as regalias que se estendem aos três Poderes, são um ataque à dignidade do cidadão brasileiro.
Não existe democracia onde o paternalismo político impera.