No mundo dos negócios disruptivos, o lucro definitivamente não é fator determinante para o sucesso.
Pautadas na ideologia de ruptura e atraídas pela indústria do capital de risco, muitas empresas de tecnologia caminham para a falência. O motivo? Os grandes investidores, que antes aplicavam verdadeiras fortunas em startups recém-criadas, na expectativa de encontrarem a próxima mina digital, estão mais cautelosos pela falta de potencial de lucro a curto e médio prazos desses negócios.
É fato que as gigantes da tecnologia operaram por anos (e ainda operam) perdendo dinheiro enquanto expandiam mercados e conquistavam uma supremacia em sua área de atuação, no entanto, os prejuízos que elas acumulam somam valores descomunais que nos fazem questionar se um dia serão rentáveis de fato.
Gigantes como a Uber e o Spotify, por exemplo, registram prejuízos frequentes e acumulam dívidas altíssimas. Desde a sua fundação, em 2009, o aplicativo de transporte tem um histórico de perdas acentuadas e esse ano alcançou o maior prejuízo de sua história, com US$ 5,23 bilhões. Já o serviço de streaming Spotify anunciou em junho deste ano, um rombo de US$ 76 milhões.
A lógica de expansão agressiva sem pensar em monetização só funcionou para as grandes da tecnologia, porque elas contavam com investimentos soberanos. Com um modelo tão incerto, focado em expectativas futuras e sem um caminho bem definido de receita, algumas das aberturas de capital mais aguardadas desse ano tiveram péssimos resultados, como a WeWork, que nos primeiros seis meses de 2019, já perdeu quase US$ 2 bilhões.
A plataforma de espaços de coworking, que chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões no início do ano, teve seu valor na abertura de capital estimado em pouco mais de US$ 20 bilhões. Um vexame total que resultou no cancelamento da primeira oferta de ações da Startup.
Exemplos como esse, revelam que o apetite dos investidores por negócios de crescimento exponencial, mas sem perspectiva de solidez está diminuindo.
Enquanto as novas empresas precisam provar que são um investimento de alto retorno em prazo rápido, as “Big Tech” ou “Big Five”, formadas pelas dominantes da indústria digital, Google, Apple, Facebook, Amazon, Microsoft, poderão enfrentar em breve, o uso de leis e medidas antitruste de vários países para desmembrar suas hegemonias.
Nos EUA, o debate sobre a necessidade de desmembrar essas gigantes ganha cada vez mais adeptos, afinal, esses monopólios e oligopólios impedem a livre concorrência e, consequentemente, uma competição justa dentro do ecossistema de inovação. Além disso, apesar de terem atuação global, elas pagam impostos apenas nos territórios onde possuem sede física, geralmente em países com menores cargas tributárias.
A nova geração de negócios precisa entender que empreender não se restringe ao campo de ideias brilhantes, mas acima de tudo, às necessidades do mercado e da população. É preciso uma boa dose de realismo para que elas consigam alcançar um equilíbrio entre a busca pelo novo e a busca pelo lucro.