Enquanto a sociedade se adapta, a contragosto, aos cortes orçamentários para combater a crise fiscal, a Câmara dos Deputados aprovou na última semana, um projeto de lei com mudanças indecorosas na aplicação e fiscalização do Fundo Partidário.
A previsão do governo é que o montante para financiar campanhas de prefeitos e vereadores para o próximo ano, chegue a R$2,5 bilhões, 48% maior que em 2018, quando os partidos receberam R$ 1,7 bilhão.
Por 263 votos a favor, o texto-base aprovado contempla absurdos como o pagamento de advogados para investigados filiados aos partidos; o retorno da extinta propaganda partidária na TV; a criação de um teto para as multas aplicadas por irregularidades e prestação de contas, limitadas a 50% dos repasses mensais e apenas se constatada uma conduta dolosa; a aquisição, locação ou construção de imóveis para sediar partidos e outras obscenidades políticas capazes de blindar a mamata partidária.
Ainda de acordo com a proposta, caso o dinheiro seja devolvido por partidos ou políticos, ele será dividido entre as demais siglas. Uma imoralidade que não tem bandeira ou ideologia. Direita e esquerda serão irrigados com o dinheiro do contribuinte.
Enquanto as velhas raposas articulam estratégias inescrupulosas para perpetuarem seus cargos, boa parte dos novos políticos se mostraram omissos e submissos. Os princípios de palanque valem menos que a sobrevivência no poder.
Apenas para constar, em dez anos, o Brasil gastou R$ 6,4 bilhões com partidos.