Fazer do limão uma limonada. É clichê, mas é o tipo de inteligência estratégica que falta às exportações brasileiras.
Em meio a tantas suposições sobre como o Brasil e os acordos com o Mercosul seriam impactados com a recente aliança entre os EUA e a União Europeia, falta ao país a capacidade de enxergar grandes possibilidades nas sombras desses gigantes.
Na última quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe da União Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciaram um acordo comercial com o intuito de suspender a imposição de novas tarifas e eliminar barreiras comerciais e subsídios para produtos industriais não automotivos.
Sob uma ótica mais superficial, fica claro que as decisões tomadas durante o encontro deixam o comércio de soja brasileiro em uma posição desfavorável, já que, entre as concessões assumidas pelo governo europeu está a ampliação das importações de soja dos EUA. Além disso, caso as “tarifas zero” se tornem factíveis, o preço da soja americana sairá mais barata que a nossa.
Por outro lado, o agronegócio brasileiro tem a chance de ampliar sua cota de exportação de soja e outros produtos para a China, que atualmente trava com a potência americana uma guerra comercial sem previsão de bandeira branca. Mas falta ao nosso mercado, uma estrutura de governo que crie e conduza regras semelhantes aos países desenvolvidos, com bons incentivos, tributações mais simples, ambiente de negócios menos burocráticos e investimentos para que os negócios nacionais possam concorrer no mercado externo com boas vantagens competitivas.
Isso significa manter um relacionamento amigável com os grandes e aberto ao livre comércio com aqueles que podem ser consumidores de produtos e serviços brasileiros fora da linha de guerra entre China e Estados Unidos.
“Existem muitos mercados alternativos onde é possível atuar com preços e condições mais atrativas para vender mais e aumentar o volume das exportações. O país precisa aproveitar essa disputa para monitorar outros países desabastecidos e se antecipar no meio da ameaça. ”, conclui o presidente da CDL Uberlândia, Cícero Heraldo Oliveira Novaes.