A conta nunca fecha quando o assunto são as estatais brasileiras.
Mesmo reduzindo gastos milionários com o processo de privatização e enxugando o quadro de funcionários de 14,2 mil em 2012 para menos de 10 mil em 2017, a Infraero continua com a folha de pagamento pesada.
De acordo com um estudo realizado pela consultoria alemã Roland Bergerk, a empresa assumiu em 2011, um custo de R$ 1,7 bilhão dos R$ 3,1 bilhões de custos operacionais. Já em 2016, essa despesa chegou a R$ 2,1 bilhões, atingindo 68% dos custos da operação.
Como uma estatal que diminuiu drasticamente sua participação no mercado e opera com pouca receita consegue manter um quadro de trabalhadores com custos tão altos? Muita gente para pouco trabalho. Muitos reajustes salariais e benefícios para pouco lucro.
Mesmo com programas de transferência e aposentadoria voluntária, a maior parte dos funcionários dos aeroportos leiloados na primeira rodada (88%), optaram por permanecer na Infraero.
A dispensa do excesso de pessoas está fora de radar porque, na época em que o acordo foi fechado, o governo se comprometeu a demitir no máximo sete trabalhadores por ano até 2018. O acerto foi prorrogado até 2020.
Para o presidente da CDL Uberlândia, Cícero Heraldo Oliveira Novaes, a situação corrobora o nepotismo que contamina as instituições criadas e geridas pelo Estado. “Mais um exemplo do eterno inchaço que sempre assola as estatais. Cabide de empregos de partidos políticos que impedem o funcionamento e a lucratividade dessas empresas, tornando-as pouco competitivas e sujeitas a prejuízos que serão cobertos pela sociedade”, opina o dirigente.
Enquanto a Infraero e seus planos de atrair capital privado operam em queda livre, o loteamento político e a estabilidade dos cargos públicos continuam a bordo e avante.