Como se já não fosse deplorável assistir à destinação de R$2 bilhões em recursos públicos para abastecer campanhas de prefeitos e vereadores, a distribuição dos fundos eleitoral e partidário foram concentradas em uma pífia minoria que, como dita a cartilha da política brasileira, tem como prioridade reeleger políticos ou sustentar os caciques de partidos.
De acordo com a prestação de contas parcial apresentada à Justiça Eleitoral pelas siglas, menos de 1% dos candidatos concentram 80% dos fundos públicos de campanha, ou seja, dos 646 milhões de reais disponibilizados até o momento, apenas 10% dos 549 mil candidatos, receberam verbas de fundos.
O claro desvio de finalidade gerado pelo atual modelo de distribuição de verbas financia a perpetuação de políticos de carreira e aniquila a possibilidade de novos postulantes, que de fato, poderiam revigorar o atual cenário político com boas ideias, senso de justiça e moralidade. Consequentemente, sem dinheiro para fazer campanha, boa parte dos candidatos aceitam doações sem respaldo legal para concorrer com os “cavalos premiados” da eleição.
É vergonhoso para todo brasileiro, exceto para aqueles que usufruem dessa fortuna, aceitar que, em plena pandemia, políticos precisem mais de recursos para angariar votos, do que a saúde pública, as milhares de empresas que decretam falência ou os trabalhadores da iniciativa privada, que entram na estatística do desemprego e desespero.
Enquanto o Brasil amarga os reflexos gerados pela Covid-19, o mercado dos partidos só cresce e se torna um negócio extremamente rentável, sobretudo para aqueles que estão no poder.