O Brasil que facea a crise econômica não sobrevive de perspectivas futuras, mas de ações imediatas. Reparem na Zona Franca de Manaus. 51 anos depois da sua criação, o polo industrial, sonhado durante a ditadura militar com o propósito de ser uma área de atração de indústrias, desvela um ambiente deteriorado pela falta de saneamento e infraestrutura.
Até 2073, o vulnerável modelo tem incentivos fiscais e facilitações burocráticas garantidas e aprovadas pelo Senado, mesmo assim, fracassa diariamente no seu propósito de gerar empregos, prosperar e se tornar sustentável, em vez de manter empresas dependentes das benesses fiscais oferecidas pelo Governo.
Enquanto a ZFM consome R$ 24 bilhões em renúncia fiscal para as grandes organizações, o pequeno e médio empresário é bombardeado por tributos vergonhosos para manter as portas abertas.
Os gastos do poder público com esse setor não se justificam nem no que tange a geração de emprego e o desenvolvimento da região. No segundo trimestre do ano, a taxa de desocupação na capital amazonense foi de 17,2%, acima da média nacional de 12,4% segundo o IBGE. Além disso, desde 2012 são 46 mil postos de trabalho fechados, 1 de cada 3 existentes.
“A Zona Franca se desvirtuou de seus propósitos, que eram o de fixar a população em Manaus, gerar empregos e elevar o nível de renda, melhorando o desnível social. O que se vê hoje é uma região desequilibrada socialmente, sem perspectiva de melhora, com custos altíssimos de logística e incapaz de cumprir o papel projetado. A corrupção impera, a política se beneficia de lobbies e os incentivos e benefícios continuam, mas quem paga a conta somos nós, brasileiros que moramos nos outros estados. A prorrogação das vantagens da Zona Franca por mais 50 anos feita pelo Congresso provou mais uma vez que situações abusivas e danosas são comuns no legislativo brasileiro”, opina Cícero Heraldo Oliveira Novaes, presidente da CDL Uberlândia.
O sonho obsoleto perde espaço para uma realidade precária.