A indústria dos partidos políticos está em pleno vapor. Nem mesmo os discursos inflamados sobre a nova política, a agenda liberal e o combate à corrupção foram capazes de impedir que esses grupos, movidos mais por interesses que por ideologias comuns, conquistassem um aumento generoso nas verbas partidárias.
Corre no Legislativo a proposta de dobrar o fundo eleitoral de 1,7 bilhão para até 3,7 bilhões para a eleição de 2020. O projeto está no parecer do deputado Cacá Leão, relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que propôs que, parte dos recursos das emendas de bancadas estaduais sejam aplicados nas campanhas municipais do próximo ano.
Com a justificativa de compensar o fim das doações empresariais, um enxame de partidos de fachada será irrigado com o dinheiro do contribuinte. Beneficiada por um sistema pífio de fiscalização e prestação de contas, a cúpula desses partidos, formada por representantes cheios de processos e investigações em tramitação, utiliza o fundo partidário para perpetuar cargos e saquear os recursos públicos com a ajuda de laranjas. Nessa dança das cadeiras, enquanto a velha política conquista votos através de estratégias questionáveis e investimentos colossais, os bons candidatos perdem a chance de se eleger.
Pior que sobreviver de contribuições corporativas é colocar na conta do brasileiro o preço alto de sustentar um sistema de manipulação, corrupção e corporativismo. São trinta e três partidos políticos legalizados no Tribunal Superior Eleitoral e 75 em processo de formação, esperando para serem sustentados pelos cofres da União, sem nenhuma fiscalização consistente, capaz de combater desvios criminosos.
Em súmula, o dinheiro do imposto que você paga e não vê em melhorias para a sociedade é destinado a subornos, compra de votos, encenações nos horários eleitorais, pagamento de bocas de urna, placas e impressos que poluem a cidade e todo tipo de aparato político para angariar eleitores.
Estamos diante de um crime contra a democracia brasileira, de um poder paralelo que se multiplica camuflado por bandeiras doutrinárias e em função da falta de interesse ou conhecimento do cidadão comum, quando o assunto é política.
Financiar as atividades dessa máfia não é tarefa nossa. Combater a corrupção, sim. Tudo começa pelo voto consciente.