Pesquisa mostrou que perda do poder compra e desemprego elevado são fatores determinantes para não poupar
Guardar dinheiro ainda é um costume de poucos brasileiros. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelam que 76% dos consumidores não conseguiram guardar nenhuma parte dos rendimentos no último mês de abril. Este é o maior índice desde fevereiro deste ano.
A perda do poder de compra e o desemprego elevado no país foram os fatores determinantes para o resultado, segundo o estudo. Somente 20% dos entrevistados disseram que pouparam parte do salário. O baixo número de poupadores tem se mantido equilibrado desde janeiro deste ano, mês de início da série histórica.
Quando o montante é analisado por faixa de renda, o índice sobe para 82% de “não poupadores” nas classes C, D e E. Entre os brasileiros que não economizaram nada, 47% revelam que recebem um salário muito baixo, o que impede de ter sobras no fim do mês. Outros 17% disseram não ter tido rendimentos e 15% foram surpreendidos por algum imprevisto financeiro. Há ainda 9% de consumidores que admitiram ter perdido o controle sobre os próprios gastos, fato que impediu de fechar o mês com as contas no azul.
No total, 64% dos brasileiros não têm qualquer tipo de reserva financeira – percentual que cai para 39% entre as pessoas das classes A e B -, e dentre aqueles que têm algum recurso guardado (33,3%), mais da metade (51%) fizeram uso recentemente dos recursos poupados. Os principais motivos foram o pagamento de despesas do dia-a-dia (14%), imprevistos (12%) e pagamento de dívidas (10%).
A proposta da pesquisa é acompanhar mensalmente a formação de reserva financeira do brasileiro. O indicador abrange 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%.