O Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI), ocupando o 49º lugar entre 132 economias globais e o primeiro na colocação dos países latinos. O saldo é positivo, mas muito aquém do necessário para superar o atraso tecnológico que existe no país.
Os motivos são muitos, mas talvez os principais sejam a ausência de investimentos e políticas voltadas para o fomento da ciência, da tecnologia e da inovação.
Enquanto o Brasil destina pouco mais de 1% do PIB em desenvolvimento tecnológico e científico, os países da OCDE investem cerca de 2% e as economias mais inovadoras, acima de 4%, como é o caso de Israel e da Coreia do Sul. No caso do país asiático, o PIB per capita até o início da década de 80 era metade do brasileiro e hoje possui uma renda três vezes maior que a nossa, graças a uma transformação acelerada e impulsionada por elevados investimentos no sistema educacional, na produtividade e em inovação.
Na contramão do mundo, o Brasil deixou de acompanhar a evolução tecnológica e permaneceu ancorado na exportação de produtos primários, limitando suas possibilidades de crescimento. Hoje, a maior parte da indústria de transformação brasileira, se resume a montadoras estrangeiras que não inovam, não criam novos produtos e não investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Elas apenas replicam um modelo desenvolvido no exterior, criando empregos de “chão de fábrica”, exportando quase sem impostos e enviando o lucro dessas atividades para fora do país.
A falta de investimento público no campo da produção científica brasileira, também tem efeito imediato na “fuga de cérebros”. Diante de bolsas de estudo com valores pouco atrativos e a falta de perspectiva de crescimento, pesquisadores e cientistas acabam optando por seguir carreira fora do país, onde existem fortes subsídios, melhores remunerações, parcerias privadas, vasta oferta de emprego e possibilidade fácil de obter cidadania.
Se falta recursos de um lado, do outro a história é diferente. O país distribui anualmente mais de R$ 615 bilhões em incentivos fiscais, destinados em sua maioria, a grupos que não trazem nenhum tipo de inovação ou retorno econômico para a sociedade, como é o caso da Zona Franca de Manaus.
É preciso que o Estado assuma o seu papel no fomento da inovação, da ciência e da tecnologia, não apenas com aporte de recursos para P&D, mas atraindo e qualificando profissionais, através de formações científicas e tecnológicas, incentivando a criação de startups, criando linhas de crédito especiais e promovendo políticas de apoio financeiro, tendo como contrapartida vários registros anuais de concessão de patentes, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Responsável por uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, uma biodiversidade inigualável e um enorme potencial de geração créditos de carbono, o Brasil está perdendo a oportunidade histórica, de se tornar líder global em inovação verde, em um momento onde as atenções estão voltadas para soluções climáticas.
A união de esforços entre governo, iniciativa privada e sociedade civil são essenciais e (emergenciais), para fomentar a cultura da inovação, fortalecer esse ecossistema e reacender a competitividade do país.