Para mitigar os riscos dos baixos níveis de umidade e das ondas severas de calor, o governo federal cogita retomar o horário de verão, para reduzir o consumo de energia e garantir o abastecimento energético.
A decisão deve ser tomada nos próximos dias, com base nas orientações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Embora a nota técnica do órgão seja favorável à adoção do horário, a medida enfrenta forte resistência de especialistas do setor, que questionam sua eficácia.
Segundo eles, o padrão do consumo de energia mudou drasticamente nos últimos anos, uma vez que o pico de consumo diário migrou para o período diurno, principalmente devido à popularização de aparelhos de ar-condicionado e da energia solar.
Esses resultados inexpressivos não justificam o transtorno que a mudança traz para a rotina dos brasileiros, especialmente trabalhadores e estudantes que saem de casa antes do sol nascer.
No caso das atividades econômicas, a modificação beneficiaria apenas alguns setores específicos, mas prejudicaria todas as demais empresas, que precisam abrir em um horário de pouco fluxo e, caso queiram estender o expediente, deverão arcar com os custos trabalhistas de horas extras. Representantes do agro, da indústria, dos serviços, parte do comércio e do setor aéreo, também já sinalizaram oposição ao regime especial.
O horário de verão tende a privilegiar principalmente cidades litorâneas por causa do turismo, mas esse não é o caso de Minas Gerais. Segundo uma avaliação preliminar da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o impacto no consumo será neutro no estado.
Vale destacar que a alteração no relógio também ocasionará a desregulação do ciclo circadiano do indivíduo, podendo desencadear quadros de insônia, sonolência, cansaço, alterações de humor, queda de desempenho e até riscos de acidentes.
Obviamente, não há como o Estado se omitir diante da maior seca da história do país, porém, providências pontuais que parecem resolver problemas, estão longe de acabar com a ameaça climática, que cresce a cada ano. É fundamental que o governo invista em um plano de transição energética de longo prazo, que contemple o desenvolvimento de fontes verdes e renováveis, a otimização do consumo e a modernização da rede elétrica. Somente assim poderemos garantir um abastecimento energético seguro e sustentável para as futuras gerações.